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DINHEIRO

Golpes de PIX e boletos geram prejuízo bilionário e atingem milhões no Brasil

Reportagem revela como fraudes digitais via PIX e boletos afetam milhões e mostra como se proteger dos golpes

Laura Pita*

Por Laura Pita*

08/09/2025 - 8:31 h
Usuários precisam ficar mais atentos, prque golpistas se aproveitam da facilidade das transações digitais
Usuários precisam ficar mais atentos, prque golpistas se aproveitam da facilidade das transações digitais -

Cada vez mais elaborados, os golpes financeiros envolvendo PIX e boletos bancários atingiram cerca de 24 milhões de brasileiros entre julho de 2024 e junho de 2025, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O prejuízo, estimado em cerca de R$ 29 bilhões, resulta da combinação entre o aumento da criminalidade, a facilidade das transações digitais e a vulnerabilidade dos usuários.

“O PIX, pela sua instantaneidade, cria um ambiente em que criminosos se aproveitam da pressa e da falta de conferência das informações. Já no caso dos boletos falsos, a fraude ocorre principalmente pela falsificação de códigos de barras e adulteração de links enviados por e-mail ou aplicativos de mensagens. Ambos os casos revelam como a sofisticação das práticas criminosas evoluiu junto ao avanço da digitalização financeira”, destaca a economista Cláudia Lessa.

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Para a economista, está aí uma das razões dos dados levantados serem tão alarmantes: “os criminosos estão mais rápidos em encontrar brechas do que a sociedade em desenvolver defesas”.

Cláudia destaca fatores que evidenciam esse cenário: a rápida popularização do PIX e dos pagamentos digitais, que ampliou a base de vítimas em potencial; a dificuldade de fiscalização diante do grande volume de transações diárias; e a defasagem entre a inovação tecnológica e a capacidade do consumidor médio de se proteger digitalmente.

A partir dessa vulnerabilidade, os criminosos encontram maneiras de atingir a vítima. "Observamos que as pessoas mais acometidas por esse tipo de golpe geralmente são idosos e pessoas de renda média para baixo. Então, você tem cenário onde se acaba sendo encantado por uma ilusão de ganhos imediatos em algumas ações voltadas para as questões financeiras, e você acaba sendo pego por esse tipo de encantamento”, explica o educador financeiro Edisio Freire.

Pedido de dinheiro

Foi essa estratégia que o criminoso usou para enganar uma vítima, que prefere não se identificar: “Ele me mandou mensagem dizendo que era o meu advogado, informando que a causa tinha sido ganha e que teríamos uma audiência com o juiz. Acreditei que se tratava mesmo do pagamento da causa, pensando no dinheiro, pois estou passando por dificuldades financeiras, como muitos aposentados”.

Para liberar a suposta audiência, a vítima foi coagida a fazer uma sequência de transferências via PIX. “O valor foi de quase R$ 2.365,00. No final, ainda pediu mais R$ 2,5 mil para 'efetivar o processo' e liberar o dinheiro para o juiz. Foi quando percebi que era um golpe”, relata.

"Muita gente não denuncia, seja por vergonha, por não saber como agir", diz Cathalá
"Muita gente não denuncia, seja por vergonha, por não saber como agir", diz Cathalá | Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE

Além disso, um outro fator importante para cativar vítimas é o vínculo emocional, como destaca Edisio: “Os golpes de PIX e boletos bancários geralmente são feitos via aplicativo de mensagem, onde o golpista se apresenta como se fosse uma pessoa conhecida”. Assim, o criminoso cria um cenário de perigo e vulnerabilidade, pedindo ajuda à vítima, que se sensibiliza pela relação de confiança.

Esse tipo de manipulação foi o que levou essa outra vítima a acreditar que estava ajudando o irmão.

“Eu estava em casa quando recebi uma mensagem pedindo dinheiro para um pagamento urgente, senão a pessoa perderia uma oportunidade. A mensagem parecia ser do meu irmão – usaram a foto dele em um perfil falso – e, dias antes, ele havia comentado que queria comprar um carro. Transferi mil reais para a conta dele. Depois, a pessoa disse que precisava de um valor maior e que eu deveria transferir diretamente para ela, não para o meu irmão. Consegui até convencer minha irmã a ajudar. No momento em que fizemos as transferências, meu irmão me enviou um comprovante dizendo que havia devolvido o valor daquele primeiro PIX que fiz para ele. Foi aí que percebi que tinha caído em um golpe”.

Em ambos os casos as vítimas denunciaram o golpe, mas muitas vezes a denúncia não é realizada. “O grande problema é que ainda tem uma subnotificação enorme. Muita gente não denuncia, seja por vergonha, por não saber como agir, ou porque acha que não vai recuperar o dinheiro”, afirma o advogado criminalista Ricardo Cathalá.

Busca por solução

“Se a pessoa cair em um golpe, o mais importante é agir rápido. Primeiro, bloquear o aplicativo bancário e ligar para o banco pedindo o registro de fraude e a ativação do chamado MED - Mecanismo Especial de Devolução do Banco Central. Depois, fazer um boletim de ocorrência com todos os detalhes da transação”, instrui o advogado. Sobre o funcionamento do MED, Ricardo explica.

“O banco da vítima tenta bloquear o dinheiro na conta do golpista, se ainda houver saldo lá. O prazo é curto, até 80 dias para acionar o banco, que terá 90 dias para analisar. Então, quanto mais rápido a vítima agir, maiores são as chances de recuperar o valor”.

Contudo, mesmo com as fraudes ficando cada vez mais ardilosas, é possível detectar sinais comuns entre eles antes de se tornar mais uma vítima, como alerta Ricardo.

“O golpista costuma colocar uma pressão enorme, dizendo que é urgente, que a pessoa precisa resolver na hora. Eles pedem dados pessoais, senha, ou até cobram taxa para o Pix – que, vale lembrar, é sempre gratuito. Minha recomendação é: quando juntar pressa, promessa de vantagem e pedido de informação pessoal, pode ter certeza que é golpe. Então, antes de agir, pare, respire, pense e desconfie. Essa pausa pode ser o que vai salvar seu dinheiro”.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló.

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Tags:

banco central brasil Crime cibernético denúncia Fraudes digitais golpe pix pix Segurança

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