NEGÓCIOS
Do digital ao físico: marcas baianas mostram força no novo varejo
Empresas como Mony, Dua e Meraki revelam como equilibram presença online e lojas físicas para conquistar clientes no Brasil

Por Laura Pita*

O mundo digital se consolida como um terreno fértil e sólido para o surgimento de novas empresas. Cada vez mais, as marcas optam por expandir suas presenças para espaços físicos, buscando oferecer experiências mais completas aos clientes. Essa movimentação evidencia a crescente importância da integração entre os canais online e offline, como mostram dados da empresa britânica Kantar: 45% dos brasileiros pesquisam produtos pela internet e finalizam a compra em lojas físicas, enquanto 53% fazem o caminho inverso.
Para muitas marcas, o ambiente digital representa uma forma acessível de iniciar as vendas, sem a necessidade de grandes investimentos. “O modelo de uma loja virtual chamou minha atenção por não haver necessidade de ter um endereço físico para fins legais. No início, eu não tinha condições de arcar com todas as despesas de uma loja física e funcionários”, explica Simone Pinheiro, proprietária da marca de moda fitness Mony.
As vantagens para o consumidor também são evidentes, como aponta Joadson Santos, fundador da empresa de cosméticos Meraki: “O grande diferencial de uma loja online é justamente a facilidade que o cliente tem para executar a compra, pagar e realizar todo o processo de forma mais rápida e prática, sem estar restrito ao horário comercial”.

Em todo o Brasil
Contudo, para atrair clientes e fazer a empresa crescer no ambiente digital, é necessário investir em estratégias de divulgação. “Uma loja online também exige investimentos, como ações de marketing. Aí entram os recursos que as redes sociais oferecem, além de ferramentas como o Google Meu Negócio”, orienta Fabrício Barreto, gestor territorial do Sebrae.
Com uma boa estratégia, as marcas conseguem alcançar públicos de diferentes regiões. “O modelo virtual nos permite vender para todo o Brasil. As clientes encontram no site toda a mobilidade que precisam, seja em Salvador ou em qualquer outro lugar”, afirma Camila Nascimento, dona da marca de acessórios Dua. Em contraponto, ela também destaca o benefício do ponto físico: “O espaço físico cria a oportunidade das pessoas vivenciarem a marca de perto”. Por isso, a Dua, criada em 2019, inaugurou sua loja em Salvador em 2023.
A loja física da Mony foi instalada na capital por objetivos semelhantes. Presente no digital desde 2022, a marca expandiu para o físico em 2024, motivada por fatores como a demanda das clientes de ver as peças pessoalmente, checar a qualidade e garantir a veracidade dos produtos – reflexo da insegurança que ainda existe em relação a possíveis fraudes no e-commerce.
“Além disso, um fator decisivo foi o desejo de estar mais próxima das minhas clientes, ouvi-las e entender melhor suas necessidades e expectativas”, explica Simone Pinheiro. Ela destaca que a transição exigiu muito planejamento: “Buscamos um local estratégico e encontramos uma excelente sala – centralizada, com estacionamento e segurança. Um dos maiores desafios foi encontrar um segundo funcionário que realmente se alinhasse aos valores da empresa. Esse processo levou alguns meses, mas, felizmente, conseguimos”.
Fabrício Barreto reforça outro ponto fundamental a ser avaliado: o hábito de consumo do público. “Antes de tudo, é preciso ouvir o seu público. Vale observar se ele já demonstra esse interesse, se há pedidos recorrentes ou se a marca identifica oportunidades em uma região onde já tem representatividade. Assim, a escolha do local físico deve ser guiada por critérios como fluxo, perfil do público, concorrência e comportamento de compra local. Por fim, o empreendedor deve alinhar esse movimento à persona definida no planejamento estratégico, para garantir que a experiência física reflita os mesmos valores e expectativas do digital. Tudo deve ser feito com planejamento, análise de mercado e atenção às reais necessidades do consumidor”, orienta.
Firmar presença

É assim que marcas nativas digitais conseguem firmar presença também no espaço físico. Para Joadson, que lançou a Meraki no digital em 2017 e abriu a loja física em 2024, esse é o modelo de negócio ideal. “Hoje, não há como um ponto físico se estabelecer sem uma presença forte no digital – é impossível. Já um negócio digital que conta com uma loja física para transmitir segurança e credibilidade muda completamente de patamar. A melhor empresa é aquela que tem uma presença física consolidada e, ao mesmo tempo, um digital muito bem estruturado”, entende.
*SOB SUPERVISÃO DA EDITORA CASSANDRA BARTELÓ.
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