SALVADOR
Salvador discute transição energética com foco na COP 30 e setor solar
II Painel de Transição Energética reúne especialistas, gestores públicos e lideranças empresariais
Por Bernardo Rego e Victoria Isabel

A capital baiana é palco de um dos eventos mais estratégicos para o debate sobre o futuro da energia no Brasil: a “Pré-COP 30”, que acontece nesta quinta-feira, 17, como uma prévia regional para a Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30) que, neste ano, será sediada no Brasil. Destacando o protagonismo da Bahia no cenário das energias limpas, o presidente da ABS, Marcos Rêgo, presente no evento, ressaltou em entrevista ao portal A TARDE a posição de liderança do estado no setor solar.
Leia Também:
“Hoje na Bahia nós temos mais de 4.5 GW de potência instalada, dos quais mais de 2 GW são de geração distribuída. A Bahia é líder, e um estado que ocupa essa posição não pode ficar fora de um debate tão importante como o que ocorrerá em novembro, em Belém do Pará, na COP 30", destacou.
Organizado pela Associação Baiana de Energia Solar (ABS), o II Painel de Transição Energética acontece no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), reunindo especialistas, gestores públicos, lideranças empresariais e representantes do setor técnico e acadêmico.
Sobre os objetivos do encontro, Marcos reforçou a importância de compartilhar experiências locais com os participantes do evento global. “A ideia é trazer um pouco das iniciativas que a Bahia tem para municiar aquelas pessoas que irão participar do evento da COP 30. A Bahia tem uma das maiores irradiações solares do Brasil e territorialmente espaços maravilhosos.”

Desafios
Ele também fez um alerta sobre os desafios que ainda precisam ser superados para que o setor se fortaleça: Precisamos de mais investimentos em redes de distribuição e em em baterias para fazer com que esse mercado de energia solar seja um mercado mais consistente, que possa ter a sua energia escoada não só durante o dia, quando o sol está brilhando, mas também à noite.
Sustentabilidade
Já o presidente da FIEB, Carlos Passos, destacou os benefícios da geração distribuída para o desenvolvimento do estado. "Nós entendemos a contribuição da geração distribuída para a sustentabilidade, para a geração de emprego e renda, para o aproveitamento de uma riqueza natural da Bahia. E entendemos que, bem aplicada, ela fortalece o sistema elétrico e beneficia diretamente os baianos”, afirmou.

Representando o Sebrae, o superintendente Jorge Couto compartilhou como a entidade tem promovido práticas sustentáveis. “O esforço que nós temos feito junto a todas as entidades é no sentido de divulgar, informar como fazer, como se portar para que possamos alcançar um consumo mais consciente, com menor custo. Isso é importante para nossos clientes, para as empresas e para o país como um todo. Não basta empreender, é preciso empreender com responsabilidade, pensando no meio ambiente e nas gerações futuras.”
Cenário em Salvador
Já Mila Paes, secretária de Desenvolvimento Econômico de Salvador, afirma que Salvador vem trabalhado em conjunto com todas as instituições do setor produtivo de energia. " Entendemos que isso não é mais o futuro, já é o presente. Já vemos, dentro da economia, diversos indicadores de crescimento do setor aqui mesmo em Salvador. Seja por meio do programa de incentivo à energia solar, seja principalmente pela geração de emprego e renda para as pessoas que atuam nesse setor. Para se ter uma ideia, hoje o nosso programa de qualificação é o que apresenta o maior índice de empregabilidade.”

De acordo com Ivan Euler, titular da Secis,Salvador é um case de sucesso quando se fala em energia solar. "Lançamos o programa Salvador Solar, por meio do qual conseguimos oferecer, gratuitamente, cursos profissionalizantes para a população da cidade voltados a esse segmento, onde mais de 80% dos alunos que fazem o curso, recebem o diploma e se formam, hoje estão empregados. Eles estão atuando nesse setor, seja com carteira assinada, seja como MEI ou como micro e pequenos empreendedores. Então, o Salvador Solar é, de fato, um case de sucesso, e temos outras ações em andamento dentro do programa.”
Evento de energia solar debate efetividade da MP 1300
Durante a mesa de debates em torno da MP 1300 que tramita no Congresso Nacional, que acontece na sede da FIEB, em Salvador, no II Painel de Transição Energética, foram discutidos os detalhes e as consequências que essa MP pode trazer para a sociedade.

Os especialistas no assunto, Heverton Martins - presidente do Movimento Solae Livre e Santiago Gonzalez - presidente da ABSOLAR, foram unânimes em pontuar que a conta a partir da gratuidade para as pessoas de baixa renda vai ser paga pela sociedade brasileira.
Para Gonzalez, por exemplo, seria mais prático fornecer o painel fotovoltaico de graça pra essas famílias. Já Martins destacou que dessa forma que está sendo conduzido o tema não tem viabilidade econômica.
A mesa de debate foi mediada pela repórter de economia do Portal A Tarde, Carla Melo, que discutiu as benesses e os malefícios da MP 1300.
O que é a MP 1300
A medida altera diversas leis do setor elétrico brasileiro para modernizar o setor, promover mais eficiência, competitividade e transparência. A proposta trata da Tarifa Social de Energia Elétrica, da liberdade de escolha dos consumidores e da divisão de custos.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes