POLÍCIA
Secretário do RJ compara operações do Rio e da Bahia, e Werner reage
Operação Freedom, na Bahia, prendeu 39 suspeitos e bloqueou contas milionárias ligadas à facção

Por Luan Julião

A megaoperação deflagrada pela Polícia Civil da Bahia na terça-feira, 4, batizada de Operação Freedom, reacendeu o debate sobre as diferentes estratégias adotadas pelos estados no combate ao crime organizado.
A ação baiana, que resultou na prisão de 39 integrantes ligados ao Comando Vermelho, ocorreu uma semana após a Operação Contenção, no Rio de Janeiro, que terminou com 121 mortos, entre suspeitos e policiais, além de mais de 100 prisões e 91 fuzis apreendidos.
O secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, comentou a dimensão dos resultados fluminenses, destacando o volume de apreensões.

“Dentro desse cenário, conseguimos cumprir todos os mandados de busca e apreensão. Foram 113 pessoas presas, e todos aqueles que se entregaram foram devidamente detidos. A quantidade de fuzis apreendidos foi muito grande — para se ter uma ideia, a Bahia apreendeu 115 fuzis em todo este ano, e nós conseguimos quase esse mesmo número em uma única operação”, afirmou o secretário.

Na Bahia, a Operação Freedom teve como foco desarticular o núcleo armado e financeiro de uma organização criminosa oriunda do Rio de Janeiro que atua em território baiano. A ação foi executada simultaneamente na Bahia e no Ceará, resultando em prisões em Salvador, Aratuípe e Eusébio (CE). Durante a operação, um dos investigados reagiu à abordagem no bairro do Uruguai, em Salvador, e acabou morrendo após ser baleado.
Os presos são apontados como responsáveis por assassinatos, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, e a Polícia Civil estima que os resultados da operação contribuirão para a elucidação de cerca de 30 homicídios ocorridos na capital baiana. Entre os capturados estão Luís Lázaro Santana Alves, o “LL”, e Marielle Silva Santos, identificados como lideranças da facção.

Foram cumpridos 46 mandados de busca e apreensão, bloqueadas 51 contas bancárias com até R$ 1 milhão cada e apreendidos armamentos, drogas, celulares e até materiais cirúrgicos usados para tratar feridos da facção fora de ambiente hospitalar.
Werner responde comparação e destaca integração nacional
O secretário da Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, respondeu às comparações entre as operações e destacou que o foco do estado é a repressão qualificada, baseada em inteligência e integração entre forças policiais.

“Na verdade, o que a gente registra é a dimensão do nosso trabalho, a quantidade e a variedade das operações que vêm sendo realizadas. Já são mais de 360 operações realizadas apenas neste ano.”
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Segundo ele, a Freedom ilustra o modelo de atuação adotado pela SSP-BA.
“A Operação Freedom, realizada ontem, exemplifica bem o objetivo das nossas ações. E qual é esse objetivo? É o policiamento orientado pela inteligência e pela investigação, com foco no alcance de lideranças criminais, como as que conseguimos identificar e prender no estado do Ceará, em parceria com as forças de segurança locais. Somente este ano, mais de 60 lideranças foram alcançadas, sendo mais da metade delas em outros estados da Federação.”
Werner também ressaltou o avanço institucional da Bahia no uso de dados e integração operacional.
“Temos buscado, sim, orientar o policiamento pela inteligência. Inclusive, a portaria que institui o Programa de Policiamento Orientado pela Inteligência foi publicada hoje no Diário Oficial, conforme anunciado ontem pelo governador Jerônimo Rodrigues. Nosso foco é a repressão qualificada.”
Além do aspecto investigativo, o secretário enfatizou o enfrentamento financeiro às facções.
“Outro ponto importante da operação de ontem é que, além das 38 pessoas presas, todas ligadas a um braço de facção criminosa, e da apreensão de armas e drogas, como ocorre rotineiramente, também atuamos na frente de asfixiamento financeiro. Foram bloqueadas 51 contas bancárias utilizadas pelo crime, com valores sequestrados de até R$ 1 milhão por conta, por determinação da Justiça.”
“Esse é um viés que fortalece outras operações recentes, voltadas ao combate à lavagem de dinheiro. É fundamental fechar o fluxo de recursos oriundos de atividades ilícitas, e é isso que temos buscado consolidar.”
Por fim, Werner destacou a importância da cooperação interestadual e federal no combate ao crime organizado.
“Continuamos também realizando operações contra outras facções, com a atuação integrada da Polícia Militar e da Polícia Civil em todo o estado da Bahia, além de ações conjuntas com a Polícia Federal e com forças de segurança de outros estados da Federação. Hoje, não há mais como se falar em repressão efetiva ao crime organizado — seja na Bahia ou em qualquer parte do Brasil, sem integração entre o Governo Federal e os estados. A dinâmica da criminalidade mostra que as facções atuam de forma associada, ultrapassando fronteiras locais, e é com essa visão integrada que estamos trabalhando.”
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