EDITORIAL
Extremismo e silenciamento
Entenda como o silenciamento de Lancellotti reflete a crise na Igreja

Por Redação

A disparada da extrema direita na América do Sul e Europa bate às portas da igreja católica brasileira. A hipótese se sustenta no movimento para silenciar o Padre Júlio Lancellotti.
O alvo se justifica pelo prisma de um estrabismo totalitário. O religioso tem longo e amplo histórico de acolhimento e defesa dos vulneráveis em São Paulo.
A repressão ocorre a despeito de sua reconhecida popularidade, ou por conta desta mesma qualidade, a depender do olhar de quem o julga.
Chegaram ao fim as transmissões das missas e o “padre das ruas” está proibido de usar as redes.
São 40 anos na mesma paróquia, mas ele pode ser transferido depois de virar alvo de ataques de parlamentares raivosos. O episódio implica em questionar qual o nosso papel diante dos mais necessitados.
O episódio envolvendo o Padre Júlio Lancellotti implica em questionar qual o nosso papel diante dos mais necessitados
Enquanto as questões multiplicam pensamentos, sem necessariamente impor respostas conclusivas, uma verdade emerge, impávida. A censura atribuída ao superior de Lancellotti, o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, revela o quanto a Igreja melhorou em “séculos seculorum”.
Durante o milênio das trevas, período de dominação do mundo, em conluio com o Império Romano, a autoridade eclesiástica teria simplesmente decidido condenar à morte o padre defensor de trans, pessoas ao relento e miseráveis em geral.
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A pena mais comum nos “autos de fé” da Santa Inquisição era o acondicionamento dos corpos de condenados em tonéis. Ali, diluindo-se aos gritos, os danados passavam a mensagem da Cúria: não pensem; mas se pensarem, não se manifestem, pois se o fizerem, a pena será o fogo.
Em tempos atuais, mudaram os métodos de silenciamento, mas o ocorrido em São Paulo pode indicar um recrudescimento da Igreja carente de seu próprio Cristo.
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