ANÁLISE ESTATÍSTICA
Por que Bahia e Vasco pode ser mais difícil do que diz a tabela
Os dois times se enfrentam neste domingo, 23, às 16h, pela 35ª rodada do Brasileirão

Por Marina Branco

A vaga direta para a Libertadores parece estar escapando das mãos do Bahia, e cabe ao Esquadrão salvar o time na reta final do Brasileirão. Na 35ª rodada, o Tricolor encara o Vasco, em um contexto onde ambos ainda sonham com vagas maiores na tabela, mas precisam pontuar para evitar riscos desnecessários.
Apesar de propostas semelhantes em posse e construção curta, os dois convivem com fragilidades defensivas e oscilam em intensidade. Numericamente, é um dos confrontos mais equilibrados da rodada - mas com nuances importantes que podem pesar.
Leia Também:
Vasco goleador, Bahia criativo
Ofensivamente, os dois times chegam bem. O Bahia marcou 46 gols em 34 partidas, média de 1,4 por jogo. O Vasco, por sua vez, marcou 50, média de 1,5 por partida. São números altos, que colocam as equipes entre os melhores ataques da metade superior da tabela.
Nas assistências, o Vasco também fica levemente à frente: 35 contra 32. O time carioca se apoia em um jogo coletivo forte no terço final, com pontas agressivas e meio-campistas que conseguem encontrar infiltração. O Bahia, no entanto, compensa com movimentação entre as linhas e maior capacidade de construção sustentada.
Nos chutes certos por jogo, o Vasco registra 4,7, contra 4,5 do Bahia, outra diferença pequena, mas que reforça a leve vantagem vascaína em colocar a bola na área com mais frequência.

Contudo, nas grandes chances criadas, o Bahia aparece melhor, com 2,5 por partida, contra 2,3 do Vasco, dado que mostra que o Bahia produz oportunidades mais claras e entra mais vezes na zona quente com superioridade numérica ou técnica.
Nas grandes chances desperdiçadas, surgem as fragilidades de cada um. O Bahia perde 1,7 por jogo, número elevado, enquanto o Vasco desperdiça 1,2. A conclusão é simples: o Esquadrão cria mais chances e perde mais, e o Vasco cria menos, mas aproveita melhor. Em jogos apertados, esse detalhe costuma pesar.
Duelo de posse alta, mas com estilos diferentes
A posse de bola promete ser um dos fatores centrais do confronto. Bahia e Vasco chegam com números muito próximos: 55,3% para o Bahia e 55,8% para o Vasco. É raro encontrar um duelo tão equilibrado nas estatísticas de controle de jogo, o que significa que a partida deve ser marcada por alternância e disputas de ritmo.
Nos passes certos, o Vasco leva vantagem, marcando 432 por jogo, com 87,9% de precisão, contra 403 do Bahia a 86,3%. O time carioca troca mais passes, com maior acerto, e tende a reter a bola de maneira mais paciente. Por outro lado, o Esquadrão também trabalha bem, mas acelera mais e tenta verticalizar com maior frequência.

Nos passes longos, a diferença muda de lado dependendo do critério. O Bahia acerta 17,0 bolas longas por jogo, a 54,4% de acerto, e o Vasco acerta 16,2, mas com maior precisão, de 56,0%.
Isso mostra que o Bahia usa o passe longo como ferramenta frequente de variação, especialmente para tirar o time de zona de pressão, enquanto o Vasco opta por menos bolas diretas, mas com maior qualidade.
O cenário indica que o jogo na Fonte Nova deve ter longas trocas de passes, muita construção baixa e disputa por território. O time que conseguir acelerar após vencer o duelo no meio-campo terá vantagem.
Bahia seguro, Vasco vulnerável
A defesa do Bahia chega mais estável para o duelo. O tricolor sofreu 43 gols na competição, média de 1,3 por jogo. O Vasco levou 51, média de 1,5. É uma diferença significativa, especialmente porque o Bahia teve 11 jogos sem sofrer gols, enquanto o Vasco teve apenas sete.
Nos números de ações defensivas, o equilíbrio é grande, mas com pequenas nuances. O Vasco intercepta mais bolas, sendo 8,3 por partida contra 7,4 do Bahia. O time carioca costuma se defender em bloco médio, tentando cortar linhas de passe antes que a jogada progrida. Já o Bahia defende com mais encaixes individuais, com boa leitura de espaço entre linhas.

Nos desarmes por jogo, o Bahia aparece com 15,7, contra apenas 14,1 do Vasco, reflexo de uma equipe que pressiona mais no setor da bola. Nos cortes, a balança pesa para o Vasco - são 27 por jogo, frente a 23,9 do Bahia. Assim, o Vasco passa mais tempo defendendo na própria área e aliviando a pressão como pode.
Nos pênaltis concedidos, o Bahia aparece melhor, com três contra quatro. A diferença é pequena, mas indica que o Vasco tem cometido mais erros individuais na área, algo que pode pesar fora de casa contra um time que gosta de rondar a área com aproximações curtas.
Nos números dos goleiros, o Vasco precisa de 3,1 defesas por jogo, enquanto o Bahia requer 2,9. Os dois são exigidos, mas Léo Jardim trabalha mais, espelhando a fragilidade defensiva de sua equipe.
Bahia limpo, Vasco irregular
O Bahia tem ligeira vantagem nos desarmes totais com aproveitamento - são 51,4 ações por jogo, com 50,8% de sucesso, enquanto o Vasco tem 46,7 ações, com 50,5%. O Tricolor entra mais nos duelos e mantém taxa de acerto parecida.
Nas faltas cometidas, o Vasco lidera com 13,4 por jogo, contra 12 do Bahia, sendo um time que interrompe mais jogadas e erra mais na disputa física. Já nos impedimentos, a diferença é grande, com o Esquadrão com 1,1 por jogo e o Vasco apenas 0,7.

O Bahia tenta mais movimentos de ruptura, enquanto o Vasco é mais contido nesse aspecto. Nos laterais, o Cruzmaltino cobra mais, com 17,1 contra 15,6 do Bahia. Isso indica uma equipe que joga mais pelos corredores, gera mais interrupções e enfrenta mais disputas de segunda bola nesses setores.
Nos cartões amarelos, o Bahia toma 2,2 por jogo, e o Vasco dois - diferença pequena, mas que reforça a maior intensidade tricolor no contato. Nas expulsões, o Bahia soma cinco e o Vasco quatro, números altos para quem busca estabilidade emocional na reta final.
Confronto entre semelhanças e fragilidades
Bahia e Vasco somam estatísticas muito próximas em posse, construção, chutes certos e chances criadas. As diferenças aparecem nos detalhes - o Vasco é mais goleador, mas se defende pior. O Bahia cria mais chances claras, mas desperdiça mais.
O Vasco troca mais passes, mas o Bahia pressiona melhor. O Bahia sofre menos gols, o Vasco intercepta mais bolas. É o tipo de jogo que costuma ser decidido por dois fatores - a eficiência na chance clara e o controle emocional. Quem errar menos, em um contexto tão parecido, leva para casa os três pontos.

Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes



