ELIMINATÓRIAS DA COPA
Jean Lucas estreia, Brasil perde e termina com pior campanha da sua história
Os bolivianos venceram a Seleção Brasileira por 1 a 0 a mais de quatro mil metros de altitude

Por Marina Branco

De um lado, os bolivianos entravam em campo para disputar o jogo da vida para a seleção que há mais de 30 anos não joga uma Copa do Mundo. Do outro, os brasileiros classificados lutavam contra o próprio corpo para jogar. O resultado refletiu o momento que viviam as duas equipes - no Estádio Municipal El Alto, a Bolívia venceu o Brasil por 1 a 0 nas Eliminatórias da Copa, e garantiu a tão sonhada vaga na repescagem.
A missão dos brasileiros era dificílima. A mais de quatro mil metros de altitude, os pulmões mal seguravam o pique no jogo, refletindo em uma partida onde a Bolívia atacava e a Canarinha se defendia como era possível. Já do outro lado, os bolivianos viam a chance de jogar a segunda Copa de sua história, depois apenas da edição de 1994, caso conseguissem vencer e chegar à repescagem com a Venezuela perdendo para a Colômbia.
O gol da classificação veio - e por pés conhecidos pelo Brasil. Revelado na base do Santos, banco enquanto o Peixe estava rebaixado e atualmente no elenco do América-MG na Série B, o jovem Miguelito de 21 anos bateu aos 45 do primeiro tempo o pênalti que deu a seu país uma nova esperança no sonho de voltar a uma Copa do Mundo. O Brasil, por sua vez, termina as Eliminatórias em quinto lugar, a pior posição desde que o formato por pontos corridos foi criado.
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O jogo
Não é justo dizer que o Brasil não estava tentando - mas é inegável que o fôlego dos brasileiros não permitia uma performance admirável em El Alto. Nos 4.100 metros de altitude, os bolivianos começaram a partida com muito mais força, atacando constantemente e chutando muito de fora da área.
Enquanto o Brasil tentava avançar pela esquerda, apostando em Samuel Lino para criar jogadas, as duas equipes tentavam acertar uma bola, até que os bolivianos mandaram na primeira grande defesa de Alisson. De longe, Haquín puxou esforços do goleiro brasileiro, que pegou a bola mandada de fora da área.
O clima era claro - a Bolívia atacava e o Brasil se defendia como podia, dando arrancadas que não surtiam efeito pela falta de fôlego dos jogadores em altitude. Enquanto isso, os bolivianos acertavam a rede por fora em falta, tentava finalizações com Enzo Monteiro, exigia que Alisson agarrasse e pressionava o Brasil.
A única boa chance do Brasil veio aos 38 minutos pelos pés de Luiz Henrique, quando o brasileiro levou a bola vinda de Andrey Santos para dentro da área e bateu rasteiro direto no encaixe de Lampe.
Nas bolas que iam até a área de Alisson, um nome conhecido pelo Brasil se destacava. Miguelito, jovem revelado na base do Santos e reserva enquanto o time estava rebaixado, hoje joga a Série B pelo América-MG e se destacou em quase todos os lances do início da partida, até alcançar o grande objetivo da partida quase no final do primeiro tempo.
Aos 45 minutos, o VAR notificou um pênalti de Bruno Guimarães em Roberto, e o jovem de 21 anos chamou a responsabilidade. No cantinho e com energia, Alisson tocou na bola mas não conseguiu impedir Miguelito de mandar na rede, abrindo o placar e o sonho de sua seleção.
Na volta, tudo seguiu parecido. Um Brasil muito cansado encontrava a Bolívia que seguia tentando, com bolas de Paniagua sendo muito bem defendidas por Alisson pela Seleção Brasileira. Enquanto isso, no "jogo ao lado", a Colômbia ia vencendo a Venezuela por 5 a 2, ajudando a Bolívia a chegar cada vez mais perto da sonhada repescagem.
O Brasil foi tentando, mandando na barreira com Raphinha a partir de uma falta, em Lampe com Bruno Guimarães e, principalmente, espalmando com Alisson as bolas de Robson Matheus e do jovem de 18 anos Paniagua.
Em meio à bagunça, Jean Lucas fez sua estreia pela Seleção Brasileira, entrando no lugar de Andrey Santos no início da segunda metade do segundo tempo. Do outro lado, já eram 6 a 3 entre Colômbia e Venezuela.
Dali em diante, mais chutes de Miguelito, mais defesas excelentes de Alisson, uma batida de falta eletrizante de Raphinha e uma Bolívia que, mais do que nunca, vê seu sonho de Copa do Mundo se aproximar.
Ficha Técnica
Bolívia 1 x 0 Brasil - Última rodada das Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo
Bolívia: Lampe; Diego Medina, Haquín, Morales e Roberto Fernández; Villamíl, (Yomar Rocha) Robson Matheus e Ervin Vaca (Héctor Cuéllar); Miguelito, Enzo Monteiro (Algarañaz) e Moisés Paniagua. Técnico: Óscar Villegas.
Brasil: Alisson; Vitinho (Marquinhos), Alexsandro, Fabrício Bruno e Caio Henrique; Andrey Santos (Jean Lucas), Bruno Guimarães e Lucas Paquetá; Samuel Lino (Estêvão), Luiz Henrique (Raphinha) e Richarlison (João Pedro). Técnico: Carlo Ancelotti.
Local: Estádio Municipal El Alto
Gols: Miguelito aos 45 minutos do primeiro tempo
Cartões amarelos: Bruno Guimarães eFabrício Bruno (Brasil)
Arbitragem
- Árbitro: Cristian Garay (Chile)
- Assistente 1: Miguel Rocha (Chile)
- Assistente 2: Juan Serrano (Chile)
- Quarto Árbitro: Francisco Gilabert (Chile)
- VAR: Rodrigo Carvajal (Chile)
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