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SUSTENTABILIDADE

Economia verde e circular: conceitos-chave para um futuro sustentável

Especialistas explicam os conceitos e desfazem mitos

Por Loren Beatriz Sousa

05/06/2025 - 9:49 h | Atualizada em 05/06/2025 - 10:20
Faltam seis meses para a realização da COP-30
Faltam seis meses para a realização da COP-30 -

Faltam seis meses para a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), que ocorrerá em Belém, no Pará. Até lá, temas como sustentabilidade, economia verde, economia circular, preservação ambiental e responsabilidade social tendem a ocupar o centro dos debates públicos, empresariais e educacionais no Brasil. Mas entre esses assuntos, o que significam exatamente os conceitos de economia verde e economia circular?

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Segundo o advogado e escritor, sócio da ‘AC Governança & Sustentabilidade’, Augusto Cruz, a economia verde é um modelo que integra o desenvolvimento sustentável às atividades econômicas, promovendo o bem-estar humano, equidade social e a redução de riscos ambientais e a escassez de recursos. Para ele, trata-se de uma transição para uma sociedade mais inclusiva e sustentável em suas dimensões ambiental, social e econômica.

Augusto Cruz
Augusto Cruz | Foto: Divulgação

“Remete ao conceito de finanças sustentáveis, as quais consistem na integração critérios ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG) às decisões estratégicas e, principalmente, de investimento, gerando para o negócio, com um olhar de longo prazo, mitigando-se riscos não-financeiros preservando-se o capital, ou gerando oportunidades de novos negócios”, explica.

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Já a economia circular, definida pela embaixadora do ‘Movimento Reinventando Futuros’, direção geral na LB Cultura Circular e criadora do primeiro Fórum Nordeste de Economia Circular, Liu Berman, é um modelo mais inteligente e sustentável de produção e consumo.

Liu Berman
Liu Berman | Foto: Renata Larroyd

“Em vez de seguir o modelo antigo de ‘extrair, produzir, usar e jogar fora’, a economia circular busca aproveitar os recursos ao máximo, reaproveitando, consertando e reciclando produtos para que eles durem mais e causem menos impacto no meio ambiente. Economia circular é usar melhor, desperdiçar menos e incluir mais gente”, definiu.

Mitos sobre economia circular e verde

1- Economia circular é sinônimo de reciclagem

Segundo Liu Berman, “a reciclagem é apenas uma das últimas etapas desse modelo. A verdadeira circularidade começa muito antes do descarte, com design inteligente, reuso, compartilhamento, manutenção, regeneração e novos modelos de negócio”.

2- Ativismo ambiental

Augusto Cruz explica que “a economia verde tem de ser compreendida como uma oportunidade para as empresas realizarem novos negócios e a implementarem ações para mitigar riscos ao seu empreendimento. Não se trata de ativismo ambiental, ainda que traga efeitos positivos para o meio ambiente e, consequentemente, para as pessoas”.

3- Circularidade é só para grandes empresas

Outro mito contestado por Liu é a ideia de que apenas grandes corporações podem aplicar práticas circulares. “Pequenos negócios, empreendedores locais e cooperativas têm um papel essencial nesse processo, muitas vezes são até mais ágeis e criativos para adaptar soluções de reuso, reaproveitamento de materiais e modelos colaborativos”.

4- Sustentabilidade custa caro

Tanto Liu quanto Augusto rebatem o argumento financeiro usado para adiar ações sustentáveis. Para Berman, “embora existam custos iniciais, os benefícios a médio e longo prazo são evidentes: redução de desperdícios, fidelização de clientes, economia de insumos e maior alinhamento com políticas públicas e incentivos fiscais”. Cruz afirma que “há fundos de investimento e operações financeiras sustentáveis que movimentam bilhões de reais no país e são acessados por grandes empresas para seus projetos focados em sustentabilidade e em ESG”.

5- Crescimento econômico e sustentabilidade são incompatíveis

“Alguns ainda veem a circularidade como incompatível com o crescimento econômico. Pelo contrário, ela propõe um crescimento regenerativo, que desacopla desenvolvimento de destruição ambiental. É uma resposta estratégica aos limites do modelo linear, que extrai, usa e descarta”, explica Liu Berman. Augusto Cruz complementa que “no mínimo, metade do PIB mundial é dependente da natureza, com algumas análises apontando para uma dependência ainda maior. Uma pesquisa da S&P Global Sustainable revela que 85% das maiores empresas do mundo têm uma dependência significativa da natureza em suas operações diretas”.

Esse olhar ganhou força com a recente aprovação do Plano Nacional de Economia Circular, em maio deste ano. O documento, que traz 18 objetivos e mais de 70 ações, estabelece diretrizes para promover a circularidade na produção e no consumo em todo o país nos próximos dez anos.

GLOSSÁRIO DE CONCEITOS-CHAVE

ECONOMIA VERDE

ACORDO DE PARIS:

É um pacto internacional sobre mudanças climáticas, firmado em 2015 por ocasião da COP21 em Paris, e que visa limitar o aquecimento global. O objetivo principal é manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais, com esforços para limitar esse aumento a 1,5°C. À época, o Acordo foi ratificado por 195 países.

CAPITALISMO DE STAKEHOLDERS:

Consiste em uma visão do capitalismo em que as empresas buscam criar valor a longo prazo, considerando não apenas os acionistas (shareholders), mas também todas as partes interessadas (stakeholders). Isso inclui empregados, clientes, fornecedores, comunidades, o meio ambiente e as futuras gerações, além de promover o bem-estar social e a sustentabilidade.

DESCARBONIZAÇÃO:

Processo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono (CO2). Isso envolve a transição do uso de fontes de energia fósseis para fontes de energia renováveis, a redução do consumo de energia, a promoção da eficiência energética e outras ações para reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:

Reside na busca pelo equilíbrio entre o crescimento econômico, o desenvolvimento social e a proteção ambiental, garantindo que o planeta possa sustentar a vida humana a longo prazo, assegurando-se que as gerações atuais supram suas necessidades sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades.

DIVERSIDADE E INCLUSÃO:

Diversidade refere-se à presença de diferenças entre indivíduos, como raça, gênero, idade, orientação sexual, deficiência e outros marcadores. Já a inclusão consiste no ato de assegurar que todos, independentemente das suas diferenças, sejam respeitados, valorizados e tenham as mesmas oportunidades, direitos e deveres.

ESG (ASG):

Conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança que as empresas devem adotar para promover a sustentabilidade a longo prazo (PR 2030 ABNT).

GOVERNANÇA CORPORATIVA:

Governança corporativa é um sistema formado por princípios, regras, estruturas e processos pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas, com vistas à geração de valor sustentável para a organização, para seus sócios e para a sociedade em geral. Esse sistema baliza a atuação dos agentes de governança e demais indivíduos de uma organização na busca pelo equilíbrio entre os interesses de todas as partes, contribuindo positivamente para a sociedade e para o meio ambiente (IBGC).

MERCADO DE CARBONO:

Mecanismo econômico que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa, por meio da comercialização de créditos de carbono. Cada crédito equivale a uma tonelada de CO2 que foi removida da atmosfera ou que não foi emitida. O objetivo é incentivar a redução de emissões de GEE e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas.

SUSTENTABILIDADE:

Significa garantir que as ações do presente não comprometam a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades, a partir do equilíbrio do tripé econômico, social e ambiental.

SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA:

Envolve a integração de aspectos sociais, ambientais e econômicos na gestão dos negócios. É a busca por um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, a proteção do meio ambiente e o bem-estar social, garantindo que as necessidades das atuais gerações sejam atendidas sem comprometer as futuras.

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA:

É a mudança de uma matriz energética que se baseia em combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão) para uma matriz baseada em fontes renováveis ou de baixa emissão de carbono.

ECONOMIA CIRCULAR

BIOMIMÉTICA:

Inspiração na natureza para criar soluções circulares. Ex: embalagens biodegradáveis que imitam cascas de frutas.

CADEIA DE VALOR CIRCULAR:

Relação entre todos os atores (empresa, fornecedor, consumidor, cooperativa, etc.) comprometidos em manter o valor dos produtos e materiais o máximo de tempo possível.

CICLO FECHADO:

É quando um produto ou material é constantemente reutilizado ou reciclado, voltando para o início do processo produtivo, como num ciclo que nunca termina.

DESIGN CIRCULAR:

É o planejamento de produtos para que sejam duráveis, reparáveis, reutilizáveis e recicláveis, desde o início de sua criação.

ECONOMIA DE COMPARTILHAMENTO:

Uso coletivo de bens e serviços, como carros por aplicativo, coworkings, guarda-chuvas compartilhados etc.

LOGÍSTICA REVERSA:

Processo de devolução de produtos ou embalagens após o uso, para serem reciclados, reaproveitados ou descartados corretamente.

OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA:

Quando um produto é projetado para parar de funcionar ou ficar ultrapassado rapidamente, incentivando o descarte e a compra de um novo.

RECICLAGEM:

Transformar resíduos em matéria-prima para novos produtos. Ex: garrafa PET virando tecido.

RECONDICIONAMENTO:

Processo industrial que restaura bens usados para que tenham desempenho equivalente ao novo, sem vínculo com o fabricante original.

REPARO OU REPARABILIDADE:

Capacidade de consertar um produto em vez de descartá-lo. Um celular com peças trocáveis é um exemplo.

REÚSO:

Uso repetido de um produto sem modificar sua forma original, podendo ser para o mesmo ou outro propósito.

REUTILIZAÇÃO:

Usar novamente um produto sem transformá-lo. Ex: potes de vidro de alimentos viram recipientes para outros usos.

TRANSIÇÃO JUSTA:

Princípio que garante que a mudança para uma economia circular ocorra com inclusão social, respeito aos direitos trabalhistas e erradicação da pobreza.

UPCYCLING:

Dar uma nova vida a materiais descartados, valorizando-os. Ex: pneus viram móveis ou obras de arte.

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Tags:

AUGUSTO CRUZ COP30 Economia Circular economia verde LIU BERMAN meio ambiente sustentabilidade

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