77 mil votos e uma facada nas costas: a traição que abalou Camaçari
A pergunta permanece: onde bebem os traidores?

O cenário político de Camaçari segue a todo vapor, carregado de tensão e ressentimentos mal resolvidos. Em meio ao atual enredo de bastidores, vem à tona uma pergunta inquietante: onde bebem os traidores? A dúvida repercute entre lideranças, empresários e a base política que observou, atônita, o que muitos já chamam de um dos maiores atos de ingratidão da história recente da cidade.
Flávio Matos, então presidente da Câmara Municipal e homem de confiança do ex-prefeito, Elinaldo Araújo, foi de forma cuidadosa escolhido, preparado e empoderado para ser o sucessor natural. Saiu de um verdadeiro 7% de intenção de votos para impressionantes 49,80% nas urnas, conquistando 77.724 votos. Uma ascensão gigante que não aconteceu por acaso: foi fruto de uma mega articulação liderada por Elinaldo, que mobilizou a força política, experiência e influência para projetar o nome de Flávio.
Nos bastidores, é consenso: Elinaldo fez o possível e o impossível para garantir essa vitória. Articulou apoios, costurou alianças e carregou nas costas o peso de uma campanha que parecia improvável. Mas, mesmo com todo esse esforço, a vitória não veio. E o que restou não foi apenas a frustração da derrota, mas as feridas abertas de uma possível traição.
O pós-eleição deixou marcas profundas. O nome de Flávio Matos passou a ser associado a um comportamento tido por muitos como desleal. O sentimento é o de que a criatura virou-se contra o criador. Um silêncio cortante tomou conta das relações políticas entre os dois. A confiança foi rompida, e hoje Flávio é visto com desconfiança até mesmo entre empresários e integrantes da própria classe política.
As críticas, antes escondidas, agora ganham voz: "Se ele traiu quem o criou, o que não faria comigo?" Esse tem sido o pensamento recorrente entre antigos aliados. Flávio passou de promessa política à figura marcada por um rótulo duro: o de traidor.
No xadrez político, onde lealdade é moeda rara, os movimentos são observados com lupa. E enquanto os aliados repensam as alianças, Elinaldo segue com o capital político intacto, embora ferido, observando de longe a decadência de quem um dia ajudou a erguer.
A pergunta permanece: onde bebem os traidores? Talvez nas águas turvas da ambição desmedida, onde a lealdade é descartável e os princípios afogados em promessas vazias.
Pois é, onde bebem os traidores? Seria na fonte da vaidade ou da ambição desmedida? Ou será que Flávio Matos se saciou nas águas turvas daqueles que, historicamente, viraram as costas para quem lhes estendeu a mão?
A verdade é uma só: não se cospe no prato que comeu, muito menos se apunhala quem p ergueu do chão. Flávio foi escolhido a dedo, recebeu estrutura, confiança, projeção e visibilidade. Os mais de 77 mil votos foi um feito construído, tijolo por tijolo, por Elinaldo, que não poupou esforço, só que bastou a maré virar para a gratidão desaparecer.
Hoje, o que se ouve nos bastidores é o que muitos temem admitir publicamente: a confiança em Flávio evaporou. Empresários, lideranças e até aliados do passado enxergam nele alguém que traiu quem o criou. E aí fica a pulga atrás da orelha: se ele foi capaz disso com Elinaldo, o que faria com os demais?
Alguns chamam de erro de cálculo, eu chamo de caráter revelado. O tempo, esse juiz implacável, vai tratar de mostrar quem sempre jogou limpo, bem como quem preferiu se embriagar na fonte da traição.