Guerra ao agro do Brasil? Por que Mr. Trump?
Confira a coluna desta segunda-feira

No início, o tarifaço vinha embalado em assunto político. Mas, logo a maquiagem começou a cair: atinge em cheio o ponto vital, hoje, do Brasil, o mais competitivo com o mundo e para o mundo: nosso agro tropical.
Incomodamos o campeão mundial, EUA, não com café, pois precisam e agregam 43 vezes mais valor a cada dólar importado. Não no suco de laranja, compram do Brasil pois precisam; não nas carnes: têm o maior movimento mundial nas carnes, no beef, mas a carne brasileira se serve extraordinariamente na indústria do hambúrguer pelo custo incomparável e qualidade notável, em função da originação tropical brasileira a pasto.
No algodão é bom lembrar a vitória de Pedro de Camargo Neto na OMC contra os EUA por práticas desonestas no comércio. O Brasil, maior exportador mundial, venceu.
Veio, então, a “investigação” comercial do Brasil por práticas imaginadas lesivas e parte para cima de dois itens muito fortes: etanol e desmatamento, este último de objetivo extraordinariamente maquiavélico. O primeiro, mesmo na desproporcional competitividade do agro EUA x Brasil, superamos o irmãozão do Norte nos últimos 20 anos, de forma “improvável” na soja, no suco de laranja, proteínas bovinas, avícolas e suínas, celulose.
Com o plano dos biocombustíveis, despertamos o milho em potencial de crescimento extraordinário, com tecnologia brasileira de duas safras e investimentos, nacionais e internacionais, no processamento de etanol. Além do etanol da cana de açúcar, único e essencial para os próprios EUA, partimos para o biodiesel. Com modelos de integração lavoura, pecuária e florestas, e regeneração de áreas de pastagens degradadas iremos nos próximos 15 anos dobrar o agro brasileiro e significar para o mundo um País de segurança alimentar, energética e ambiental.
Ataque ao nosso etanol é ataque ao milho e à cana, para a qual a tarifa americana é de 80%. E ao desmatamento? Maquiavélica propaganda manipuladora contra o agro brasileiro: “Atenção consumidores do mundo, para cada tonelada do Brasil vocês ajudam a desmatar e queimar florestas”. Fake.
Trump quer, também, agradar bases eleitorais, agricultores que não estão nada satisfeitos por perderem mercados para o Brasil, outros insatisfeitos com escassez de mão de obra, face a outra guerra, a dos imigrantes, ilegais ou não. Nosso agro dobrará nos próximos 15 anos por ser impossível parar o que aprendemos a fazer no tropical belt. O mundo precisa de nós.
In memoriam a Alysson Paolinelli: “Quem trouxe o mundo até aqui foi a agricultura de clima temperado, daqui para frente será a tropical”. E o Brasil é um grande cliente também das indústrias americanas de máquinas, das empresas de genética, químicas, veterinárias, sistemas etc, além de termos aqui filiais das maiores corporações norte-americanas no trading e agroindustriais.
A maior parte da sociedade americana não estará a favor de uma guerra comercial com o Brasil, nossas relações empresariais provam isso, e o bom senso irá prevalecer. Que este “poder do incômodo” nos leve à evolução e um “ganha, ganha, 4 all”. Temos muito mais a fazer juntos na paz do que na guerra comercial. Capitalismo consciente envolve agroconsciente.