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“O roteiro foi escrito especialmente para Wagner Moura”, revela diretor de O Agente Secreto

Em entrevista, Kleber Mendonça Filho falou da parceria com o ator baiano, sobre Brasil e memória

Rafael Carvalho | Especial para A Tarde*

Por Rafael Carvalho | Especial para A Tarde*

18/09/2025 - 8:08 h
Diretor diz que filme foi feito sob medida para Wagner Moura
Diretor diz que filme foi feito sob medida para Wagner Moura -

O Agente Secreto é o filme do momento. O longa acaba de ser escolhido como representante brasileiro para concorrer a uma vaga de melhor filme internacional no Oscar 2026.

Para se habilitar, o filme precisa entrar em cartaz por pelo menos uma semana em algum cinema comercial, e Salvador foi uma das cidades escolhidas. A partir de hoje e até a próxima quarta, 24, o filme tem sessões abertas ao público no Cine Glauber Rocha. No entanto, os ingressos para todas as sessões já estão esgotados.

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“Nossa campanha começou em maio, no Festival de Cannes, e agora segue mais forte ainda”, declarou o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho. O longa ainda passou por outros festivais internacionais e agora começa a circular pelo Brasil depois de abrir a 58ª edição do Festival de Brasília.

Foi de lá que o cineasta concedeu para A TARDE a entrevista exclusiva que você lê abaixo:

Quais suas expectativas para a campanha do Oscar?

A campanha para o filme começou em maio antes mesmo de eu saber que ele estava em campanha. Existe uma nova Academia e esse filme tem tido uma carreira muito prestigiosa internacionalmente. Eu, Wagner Moura e Emilie [Lesclaux, produtora] estávamos em Telluride, nos Estados Unidos, e teve uma sessão especial para a Academia, em Los Angeles. A reação ao filme é muito forte. Eu acho que ele é universal por mais que seja extremamente brasileiro. Todo bom filme é universal. E com a carreira que O Agente Secreto tem traçado desde Cannes, acho que tem uma participação bem forte no cenário internacional.

Wagner Moura não veio para o festival, mas conta como surgiu a parceria entre vocês dois.

Durante muitos anos, a gente queria trabalhar juntos até que eu, de fato, comecei a pensar em um projeto para fazer com ele e esse projeto é O Agente Secreto. O roteiro foi escrito especialmente para ele. É a primeira vez que eu sento para escrever um roteiro para um ator. Nem o Aquarius foi assim porque a ideia de chamar Sônia Braga veio depois, mas O Agente Secreto foi feito para o Wagner

Foi difícil encontrar tempo na agenda dele?

Ele limpou a agenda para fazer esse filme. Ele veio ao Recife uma vez em novembro de 2023 para lermos o roteiro juntos e voltou no ano seguinte, entre maio e julho, que foi quando filmamos. Foi uma experiência muito feliz porque já éramos amigos, de certa forma. E a gente conversava bastante sobre aquele momento muito ruim do Brasil nos últimos dez anos em que os artistas foram atacados. Wagner sofreu muito com Marighella, que foi cinicamente censurado, não oficialmente. Mas isso nos aproximou e hoje somos bons amigos, é uma parceria muito frutífera.

A atuação de Wagner, no filme inteiro, é muito mais contida, bem diferente do que costumamos associar a ele. Como foi encontrar esse tom?

Eu nunca nem tinha me dado conta que era um outro tom, assim mais plácido. Um desafio quando ele leu o roteiro é que o personagem reage a muitas coisas, mas ele não é o elemento de ação. Não é ele que faz e acontece. Ele está reagindo às coisas. E isso exige muito do ator porque ele não pode ficar com cara de banana, mas ao mesmo tempo ele é um grande homem, um cara massa que está tentando lidar com uma situação que é muito grave. Eu queria que ele fosse um herói clássico, quase como um James Stewart, que fosse um cara incrível. E acho que ele fez isso muito bem

Acho que os seus próprios filmes têm um tom assim. Um ritmo, uma cadência bem próprios. Não há pressa nos seus filmes. E isso tem a ver com sua própria pessoa, a forma como você fala é sempre nesse tom mais plácido mesmo. Já pensou nisso?

Os filmes que eu faço têm uma assinatura pessoal, na montagem, na maneira de olhar, onde colocar a câmera. Tudo isso é uma visão de mundo que é totalmente natural para mim. E eu acho que cada filme tem o tempo que tem que ter. Os filmes têm que ser apressados porque alguém recebeu uma ordem de que tem de ser assim? Isso não é uma coisa boa.

E as 2h40 de duração do filme passam voando.

Sim, eu também acho. Eu tenho tido reações no mundo inteiro de que é eletrizante. Outros acham que é muito longo, mas faz parte.

Imagem ilustrativa da imagem “O roteiro foi escrito especialmente para Wagner Moura”, revela diretor de O Agente Secreto
| Foto: Divulgação

O filme se passa no período do regime militar, mas eu acho que ele é muito sobre a memória. Ou, mais especificamente, sobre como é possível reconstruir memórias através do cinema. Tem um momento muito triste quando o filho diz que não consegue lembrar do pai.

Sim, é um momento muito melancólico. Eu me dei conta de que a nossa vida também trabalha com implantes de memória. Um pouco como o conto do Philip K. Dick. Nós crescemos com nossas memórias, vivemos coisas, mas pegamos memórias emprestadas do pai, da mãe, do vizinho, dos amigos. E essa ideia está no filme porque o filho diz: “Eu não me lembro, mas eu sei porque o meu avô falava isso para mim”. Então, as questões de memória são muito grandes no filme, em muitos sentidos.

Sim, sejam elas memórias pessoais ou históricas.

Exato. Durante a escrita do roteiro, eu pensava muito na Lei da Anistia, de 1979, que limpou todo o quadro para começar tudo de novo, bola pra frente, está tudo certo no país. Isso é muito brasileiro. Aí, todos aqueles psicopatas do exército foram perdoados. E isso criou um trauma no Brasil. E agora é impressionante que estamos voltando a isso de novo, inclusive com as mesmas palavras: anistia ampla, geral e irrestrita

Há um interesse muito grande pelos gêneros cinematográficos, mas há também uma desconstrução que você faz ali.

Para mim, esses elementos de gênero são muito naturais, mesmo os mais absurdos. Então, quando eu quero colocar a história da perna cabeluda no roteiro, eu preciso criar uma situação que faça completo sentido. Eu lembro da minha mãe lendo o jornal, impressionada com essa notícia que não estava no suplemento literário do domingo, estava na página policial, como algo real. Uma pessoa no Canadá falou que o filme lembrava muito o realismo fantástico. Eu acho que não tem nada de realismo fantástico ali. Todo o filme é construído em cima do Brasil.

*O jornalista viajou a Brasília a convite do Festival.

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Kleber Mendonça Filho O Agente Secreto Oscar 2026 wagner moura

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