EFEITO COLATERAL
Fraudes em combustíveis impedem criação de centenas de postos por ano
Somente a rede Ipiranga poderia abrir até 350 unidades a mais, segundo seu CEO

Por Alan Rodrigues

Com 6 mil postos de combustíveis em todo o Brasil, a rede Ipiranga teve um crescimento de 8% no seu volume de vendas no terceiro trimestre desse ano. Mas, se não fosse a sonegação e a concorrência desleal, tanto o faturamento quanto o número de postos poderiam ser bem maiores.
Quem afirma é Leonardo Linden, CEO (Executivo-chefe) da rede, que vê nas recentes operações Carbono Oculto e Poço de Lobato a possibilidade de trazer um pouco mais de moralidade ao setor.
As investigações revelaram um megaesquema de sonegação e fraude tributária liderado pela Refinaria de Manguinhos, de propriedade da Refit, cujo volume de impostos sonegados ultrapassa R$ 24 bilhões.
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Segundo Leonardo Linden, a Ipiranga investe até R$ 1,4 bilhão por ano no Brasil e tem faturamento de R$ 130 bilhões. Ele mostra indignação com os dados levantados em um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que aponta sonegação da ordem de R$ 30 bilhões no setort.
Para Linden, o investimento poderia ser maior, se não fosse essa concorrência desleal do crime organizado, que vê no grande volume de vendas e na alta tributação o ambiente ideal para a lavagem de dinheiro.
“Em média, abrimos de 300 a 350 postos anualmente. Mas poderíamos abrir 700 postos por ano e criar outras frentes de negócio, se não fossem essas irregularidades e a presença do crime organizado no setor”, diz Linden, em entrevista ao NeoFeed.
Devedor contumaz
Para o executivo a aprovação do projeto de devedor contumaz e a continuidade das operações de fiscalização devem contribuir para a construção de condições mais justas de concorrência, hoje inexistentes.
“Ao mesmo tempo em que investimos em segurança e infraestrutura, temos que competir com quem não dá a mínima para isso e sonega impostos. Competíamos nesse ambiente, mas isso não é justo.”
Para Linden, os fatos revelados nas operações recentes não surpreendem e as ações ainda não são suficientes para barrar a presença do crime organizado no setor.
“Já estava achando que o Brasil nunca teria capacidade de atacar esse problema. É positivo, não tem surpresa, mas é necessário atacar a raiz. Precisamos aprovar o projeto de devedor contumaz, e controlar a questão da falta da mistura do biodiesel no diesel. Foi ótimo o que já aconteceu. Agora precisamos de soluções definitivas”, completa o presidente da Ipiranga.
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