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LUTO

Morre Mãe Carmem de Oxalá aos 96 anos

Ialorixá estava internada no Hospital Português tratava forte gripe

Rodrigo Tardio

Por Rodrigo Tardio

26/12/2025 - 7:04 h | Atualizada em 26/12/2025 - 7:18
Mãe Carmem era filha biológica mais nova da icônica Mãe Menininha do Gantois
Mãe Carmem era filha biológica mais nova da icônica Mãe Menininha do Gantois -

Ocandomblé brasileiro perdeu, na madrugada desta sexta-feira 26, uma das lideranças mais proeminentes. Carmem Oliveira da Silva, a Mãe Carmem de Oxalá, ialorixá do Terreiro do Gantois.

A Ialorixá estava com 96 anos no Hospital Português, em Salvador. A religiosa estava internada há duas semanas para tratar as complicações de uma forte gripe.

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Filha biológica mais nova da icônica Mãe Menininha do Gantois, Carmem assumiu o comando do Ilé Ìyá Omi Àṣẹ Ìyámase em 2002. Ela completaria 97 anos na próxima segunda-feira, 29.

Sob a gestão de mais de duas décadas, o Gantois consolidou-se não apenas como um espaço de fé, mas como um centro de preservação da memória e da ancestralidade africana no Brasil.

Trajetória e reconhecimento

Nascida em 1928 e iniciada na religião aos sete anos, Mãe Carmem foi a quinta ialorixá a liderar o terreiro fundado em 1849. Sua atuação transpôs os limites do sagrado: foi uma defensora fervorosa do diálogo inter-religioso e da cultura negra, o que lhe rendeu a Medalha dos Cinco Continentes da Unesco, em 2010, e a Comenda Maria Quitéria, em 2023.

Além do papel espiritual, a ialorixá era entusiasta de projetos sociais. No Gantois, promoveu cursos de bordados tradicionais, dança e ritmos, garantindo que o legado das matrizes africanas fosse transmitido às novas gerações. Sua força foi eternizada na música popular brasileira, servindo de inspiração para composições de artistas como o sambista Nelson Rufino.

Legado

A líder religiosa completou 23 anos à frente de um dos terreiros mais emblemáticos do Brasil, que é o Terreiro do Gantois. Desde 2002, Carmem Oliveira da Silva, a Mãe Carmem de Oxaguian, consolidou-se como uma das principais guardiãs da ancestralidade negra e da espiritualidade de matriz africana no Brasil.

A trajetória de Mãe Carmem no candomblé começou cedo, com a iniciação aos sete anos de idade. Hoje, aos 97 anos, a gestão no Gantois é marcada por um equilíbrio entre o rigor religioso e a abertura cultural. Sob a liderança de Carmem, o terreiro expandiu a atuação para além do sagrado, promovendo ações socioeducativas e projetos de preservação da memória, como cursos de ritmos, dança e bordados tradicionais, garantindo que o legado dos antepassados permaneça acessível às novas gerações.

Homenagens

O impacto do trabalho pela paz e pelo diálogo inter-religioso ultrapassou as fronteiras da Bahia. Em 2010, a Unesco concedeu a ela a "Medalha dos Cinco Continentes", honraria voltada à diversidade cultural. No âmbito local, a contribuição social foi reconhecida em maio de 2023 com a Comenda Maria Quitéria, entregue a mulheres com atuação destacada em benefício de Salvador.

A influência da ialorixá também ecoa na música popular. Em 2011, o sambista Nelson Rufino compôs "A Força do Gantois", canção que homenageia a vitalidade e a autoridade espiritual de Mãe Carmem. Para a comunidade, ela permanece como um pilar de resistência, mantendo vivo o legado de uma das casas mais importantes para a cultura afro-brasileira.

Até o fechamento desta edição, a família e os membros do terreiro não haviam divulgado informações sobre o velório e o sepultamento.

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Tags:

Ancestralidade Africana candomblé cultura negra Mãe Carmem religiões de matriz africana Terreiro do Gantois

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